Saúde corporativa: Depressão atinge afastado por doença
Falhas na readaptação de lesionados e perseguição de chefes e colegas detonam o surgimento de transtorno. Ao voltar de afastamento para tratamento de saúde, o funcionário precisa ser acompanhado pela empresa e readaptado ao local de trabalho.
Caso contrário, ele corre o risco de ser novamente afastado para tratar outro mal: a depressão."Quem sofreu uma lesão que afetou o desempenho de sua função no trabalho e não foi bem readaptado pode desenvolver doença conhecida como transtorno de adaptação, que tem sintomas de depressão e ansiedade", explica o psiquiatra Duílio Camargo, da comissão técnica de saúde mental e trabalho da Anamt (Associação Nacional de Medicina do Trabalho).
No último ano, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) registrou 3.203 casos de "reações a estresse grave e transtornos de adaptação", que são contabilizados conjuntamente. Em 2009 haviam sido 3.105. Já os "episódios depressivos" foram 4.048, cerca de 800 a menos do que no ano anterior.
A médica e pesquisadora da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho) Maria Maena destaca: "[O funcionário] é tratado, muitas vezes, como pessoa não importante para empresa e passa por situações de humilhação".
ÁRDUO REGRESSO
Pesquisa da Isma Brasil (associação internacional de controle do estresse, em tradução livre) mostra que 42% das pessoas que retornam ao trabalho após tratamento de depressão têm recorrência.
Segundo a presidente da associação, Ana Maria Rossi, são trabalhadores que, geralmente, são perseguidos por chefes ou colegas. Muitas vezes, explica, a pessoa é a própria carrasca, "e imagina estar sendo perseguida".
A "marcação" foi sentida por Tatiane Hermesdorff, 35, ex-funcionária do Bradesco e por A.F. (que pediu para não ser identificada).Depois de serem afastadas para tratar tendinite e bursite, respectivamente, voltaram e foram realocadas em postos nos quais se sentiam desnecessárias à empresa.
"Tínhamos que revezar as poucas cadeiras existentes com outros 15 funcionários e não tínhamos nada para fazer", conta Hermesdorff.Ela passou a ter insônia e a depressão foi diagnosticada. Houve um novo afastamento para tratamento do mal.
Ao voltar, foi alocada em uma sala com televisão, na qual ela, P.F. e outros funcionários passaram o expediente por mais de um ano.Em 2010, Hermesdorff foi demitida e entrou com ação contra o banco, que não quis comentar o caso. P.F. foi transferida para a área administrativa.(MV)
Mal ataca 23% dos empregados brasileiros na volta das férias
Ao voltar das férias, muitos profissionais sentem-se desmotivados e angustiados. São sintomas de um mal conhecido como depressão pós-férias, que tem duração de aproximadamente 14 dias e afeta 23% dos brasileiros, de acordo com a Isma Brasil.
Muitos trabalhadores utilizam o período de férias para refletir sobre a vida e a carreira. Parte começa a se questionar sobre não estar seguindo "o caminho certo", diz o consultor Anderson Cavalcante.Foi o que aconteceu com Patrícia Casseano, 32.
Ao tirar férias de uma empresa pública na qual trabalhava na área de marketing, ela diz ter desligado o celular e se "desconectado" da internet para pensar na vida."Fui escondida para uma praia no Paraná. Eu estava infeliz", diz ela, que voltou de férias e pediu demissão.
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